terça-feira, 24 de novembro de 2009

Traduções, inversões e falhas

A palestra " Traduções, inversões e falhas” aborda no exemplo de alguns artistas e diversos projetos a maneira como as fronteiras entre disciplinas se dissolvem na produção contemporânea.

Palestrante:
Jochen Volz (Braunschweig/Alemanha, 1971), é curador e diretor artístico de Instituto Inhotim (Brumadinho, Minas Gerais). Foi co-curador da mostra internacional Fare Mondi//Making Worlds//Fazer Mundos da 53a Bienal de Veneza de 2009. Em 2007, foi “player” da Bienal de Lyon e, em 2006, foi curador convidado da 27ª Bienal de São Paulo. Entre 2001 e 2004, foi curador do Portikus em Frankfurt/Alemanha. Como crítico de arte, colabora para revistas internacionais e publicações especializadas. Volz tem mestrado em história de arte, comunicação e pedagogia pela Ludwig-Maximilian-Universidade de Berlim.

Indicação bibliográfica:
www.inhotim.org.br
www.labiennale.org.br
www.portikus.de

créditos da imagem: Utopia Station Posters em Porto Alegre, 2005.

3 comentários:

Unknown disse...

MANIFESTA, Bienal Européia de Arte Contemporânea, itinerante – única no gênero.
DOCUMENTA, uma das mais importantes exposições da Arte Contemporânea e Arte Moderna internacional, que ocorre a cada cinco anos em Kassel, na Alemanha;
Cartazes na BIENAL DE VENEZA, o abstracionismo geométrico de LYGIA PAPE e o experimentalismo inovador de HÉLIO OITICICA entre outras, constituem referências importantes para o ofício do designer, segundo Jochen Volz, diretor artístico do Inhotin.
Falou ainda do e-flux.com, acessado por mais de 70.000 profissionais de artes visuais de todo o mundo, entre artistas, cineastas, designers, etc.; vale anotar.
A “sabotagem” do artista (não entendi o nome...) que se apropria de obras inclusive conhecidas de outros artistas, que resulta em duas novas peças, sendo uma conceitual, é tambem, no mínimo, instigante.
Segundo Volz, tudo isso tem a ver com Inhotim, cuja proposta é abrir novas frentes, propor novas discussões, promover articulações político/ sociais e repensar estratégias que comuniquem a arte como agente transformador da sociedade,.
E nossos sentidos vão sendo desafiados, diante do absurdo que vai se materializando diante de nós a cada dia, testando os limites de nossa compreensão.
É a arte contemporânea, no seu papel de gerar conflitos, instigar, transcender o obvio, extrapolar...
Para nosso orgulho e deleite, tudo isso bem aqui, do nosso lado, na pacata Brumadinho.
YES, NÓS TEMOS INHOTIN!...

Maria Benvinda de Carvalho
DG Manhã -8º período UEMG

ESTRELA BRASIL PRODUÇÕES disse...

A palestra de Jochen Volz foi uma escolha interessante para aumentarmos a visão do design e suas possibilidades, principalmente na dialética do design e arte, que pra alguns há uma linha tênue e pra outros não.

Com toda a experiência deste crítico e curador podemos ver que Inhotim tem uma característica marcante, que é a de abrir possibilidades para reflexão e discussões.

Inhotim rompe as fronteiras da galeria e da disciplina, visando fomentar um novo olhar sobre a expressão artística, sem evitar traços marcantes do design. As obras das galerias e espaços deste grande centro de expressão artística testam os limites dos artistas escolhidos e da produção executiva do projeto.

É aí, talvez, que há uma ligação da obra e o design. Como realizar tal projeto? Com qual metodologia? Como desenvolver um plano de ação para que uma obra seja realizada .... com a simples finalidade de reflexão, de intervir no olhar das pessoas e de invadir os sentimentos, mesmo que subjetivamente.

Não há uma fórmula, uma forma de bolo para todos os projetos... isso é o que é mais instigante para ele e para os artistas. Cada projeto merece um desenvolvimento e uma metodologia própria, talvez até um processo mais natural, conforme a especificidade do projeto. E o resultado é simplesmente sensacional!

Sabemos da abstração de utilidade e função das obras, mas esta forma de produção pode ser um grande exemplo e uma experiência boa para o design a fim explorarmos mais as possibilidade desta relação espaço x design ou design x território, podendo até mesmo pensarmos em processos de desenvolvimento e metodologia de projeto de formas diferentes ou até mesmo contrária como ele mostra num dos projetos.

Este pensamento crítico utópico (lembrando que a palavra UTOPIA foi muito citada por ele) sobre as obras podem abrir nossas mentes em função de uma nova realidade da inserção do design, não só como mercado e funcionalidade, mas trabalhar o design como ferramenta de transformação social ao possibilitarmos a reflexão e um novo olhar da sociedade para a pós-modernidade.

Cindra Gomes
DG Manhâ – 8° período - UEMG

Unknown disse...

“O design gráfico nasceu no campo das artes e se deslocou gradativamente – à medida em que se construiu como disciplina e práxis sistematizada – para um estatuto social que lhe conferiu lugar na esfera produtiva. Este deslocamento, requerido pelos próprios teóricos da disciplina a partir da Bauhaus é paralelo e decorrente do próprio desenrolar da arte. A diferenciação entre esfera artística e esfera produtiva tem origem na mecanização trazida pela primeira Revolução Industrial, no século XVIII.
O design gráfico surge exatamente daí – da esfera da arte e da reflexão da arte sobre si mesma e só se configura como prática profissional e disciplina específicas a partir do momento em que deixa a esfera da arte.”

Estas reflexões de André Villas Boas, entre a relação do design com a arte são recorrentes. A maioria das vezes que participei de algum debate semelhante, as discussões geralmente convergem para o seguinte aspecto: design é a solução de algum problema específico e a arte é uma atividade mais subjetiva, podendo ser simplesmente uma forma de expressão. Poderíamos então diferenciá-los apenas pelo fator demanda?

Não, claro que não. Se não o pintor se tornaria um designer quando lhe fosse encomendado um quadro. Talvez então a existência de uma metodologia aplicada na atividade do design? Também não podemos ser simplistas assim. Desta forma, como ficariam os artistas que desenvolvem e seguem métodos e processos de trabalho próprios? E o trabalho do designer não pode ter um viés mais autoral? Certamente que pode! Durante este ciclo de palestras pudemos ver exemplos claros disso e até mesmo de projetos que não nasceram da solicitação de um cliente), como o trabalho da Daniela Karan. O resultado visual destes projetos muitas vezes é tão artístico que se confunde com a própria arte.

A palestra do Jochen Volz mostrou-nos algo muito além desta velha discussão sobre as definições e diferenças entre arte e design. Através das imagens apresentadas, os apontamentos feitos e as questões levantadas; tivemos a oportunidade de ver claramente como estas duas atividades estão interligadas e também como uma pode dar suporte à outra.

Com maior freqüência o designer busca referência artística para suas criações; mas o contrário também pode acontecer como foi mostrado: um cartaz sendo o ponto de partida para a criação de obras e após, a exibição do resultado em uma exposição. Vários exemplos demonstraram a arte aplicada ao design, de como o mercado cultural também pressiona os artistas com uma demanda por obras e do suporte do designer no meio artístico.

Utilizando as palavras do próprio Jochen Volz “não devemos ficar na discussão entre o que é arte e o que é design, mas aproveitar de várias histórias, memórias, fazer uma imersão nas reminiscências. Pegar tudo, traduzir e criar à partir da memória coletiva”. Creio que quando ele diz criar, refere-se a qualquer das duas atividades: projetos de design e objetos artísticos, pois conforme diz o Villas Boas a relação design gráfico com a arte é umbilical.

Hellen Cota Torres – D.G. Noite

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